A infertilidade e o luto que um casal passa após uma perda gestacional são alguns dos tabus envoltos no tema da gravidez que necessitam ser quebrados. Precisamos considerar que a angústia e a frustração gerados pela infertilidade também estão presentes nos casais com histórico de perdas gestacionais – com o adicional da dor e do medo da história se repetir. Esses sentimentos, no entanto, não podem impedir que os sonhos da maternidade e da paternidade sejam alcançados. E a equipe médica pode ajudar muito nesse processo.
Em grande parte das vezes, é possível identificar e corrigir os problemas relacionados à fertilidade, renovando as esperanças. A importância dessa campanha é divulgar informações sobre as condições que podem dificultar a gestação, prevenir, tratar e também minimizar o preconceito sobre o assunto em toda a sociedade. É uma oportunidade para unirmos esforços, superar desafios e oferecer suporte uns aos outros, construindo, assim, uma comunidade mais solidária e resiliente. Causas das perdas gestacionais
As perdas gestacionais têm como principais causas três pilares de investigação: o primeiro diz respeito à parte anatômica do útero, onde buscamos identificar miomas, pólipos, endometrites, infecções, alterações nas trompas, entre outros fatores. O segundo abrange a parte clínica, como a análise dos hormônios, tireoide, fígado, rins, deficiências vitamínicas, trombofilia e doenças imunológicas. Já o terceiro pilar engloba a qualidade embrionária, envolvendo a parte genética, avaliação dos gametas, óvulos e espermatozoides.
É essencial realizarmos uma avaliação completa do casal simultaneamente, incluindo a análise genética, para garantir a melhor qualidade embrionária possível. Com base nesses três pilares, podemos identificar e corrigir muitas das causas de perdas gestacionais, visando alcançar uma gestação saudável e bem-sucedida.
O tratamento da medicina reprodutiva, especialmente a fertilização in vitro (FIV), é uma opção a ser considerada com cautela para casais que enfrentam perdas gestacionais. É importante realizar uma avaliação prévia detalhada, pois se embriões gerados naturalmente não conseguem evoluir adequadamente, há provavelmente algum motivo subjacente que também afetará a FIV.
Cuidado emocional
É importante frisar que o cuidado com a saúde mental do casal é o aspecto mais importante a ser lembrado após uma perda. Uma equipe preparada deve estar pronta para acolhê-los e oferecer suporte durante esse difícil processo. No atendimento é fundamental mostrar empatia e solidariedade aos casais que passam pela dor de um aborto. Desta maneira fortalecemos a saúde emocional desse casal, preparando-os para enfrentar essa jornada com mais segurança e esperança.
Após o acolhimento inicial, passamos para a etapa de investigação, enumerando as possibilidades, trabalhando junto com o casal para buscar soluções e entender as causas das perdas. Realizamos exames e análises para obter um diagnóstico mais preciso, assim, oferecemos um tratamento mais assertivo, visando minimizar o impacto emocional e as sequelas deixadas pelas perdas recorrentes.
*Dra. Eliana Morita é ginecologista e obstetra, com especialização em medicina fetal, gestação de alto risco e reprodução humana. É sócia-fundadora do CITI Hinode – Centro de Investigação e Tratamento da Infertilidade. Instagram: @dra.elianamoritae/ou @citihinode
Fonte: UOL / Mariana Kotscho